domingo, 8 de novembro de 2009

LITERATURA E EROTISMO


"O beijo", Rodin

Ezra Pound define literatura como uma “linguagem carregada de significado.” O termo linguagem, por sua vez, abarca tanto a linguagem falada como a escrita, além da linguagem não verbal (a pictórica, por exemplo.)

O termo erótico vem do grego, “eróticos”, que faz menção a Eros, deus do amor na mitologia greco-romana. Para Ramiz Galvão , “erótico” se restringe aquilo que se refere ao amor do deus Eros. Entretanto, com o decorrer do tempo a palavra passou a agregar outros sentidos.

Para a psicanalista Chnaidernan, o erotismo está na base de toda criação artística, diferentemente do discurso pornográfico no qual está ausente a noção de arte.

Marcia Denser, autora de contos eróticos diz que no discurso erótico há uma primazia estética, que valoriza o belo, o sublime, ao passo que a pornografia não se preocupa tanto com o caráter estético.

LÍRICA GREGA ARCAICA: SAFO

A única mulher a figurar entre os poetas líricos arcaicos, Safo, provavelmente nasceu em 630 a.C. em Êresos, costa ocidental de Lesbos, contudo, acredita-se que tenha passado a maior parte de sua vida em Mitilene, na costa oriental, considerada a cidade mais preeminente de seu tempo.

Num contexto em que a mulher era excluída das atividades sociais e culturais, Safo emerge como um caso raro de exceção à regra: não só teve acesso à educação como tornou-se uma poetisa cujo nome fora referido desde sua época à Roma antiga. De sua lírica, restou uma quantidade considerável de composições, ainda que precariamente conservadas.

Giuliana Ragusa Safo normalmente é tida como representante da lírica monódica (poesia destinada a ser cantada por uma pessoa), mas há em seus fragmentos cantos em forma dialogada e epitalâmios (canções de casamento; cantos de celebração dos noivos destinados a serem entoados por coros).

A lírica de Safo é imbuída de erotismo e dirigi-se, na maioria das vezes, a figuras femininas, o que segundo Giuliana Ragusa provaria a homossexualidade entre mulheres em seu tempo. Para Ragusa, Safo representaria, no universo grego, uma quebra do padrão comportamental feminino conhecido, sobretudo, a partir do modelo ateniense. De acordo com muitos estudiosos, Safo pôde expressar-se eroticamente pelo fato de , em Lesbos, haver menos repressão às mulheres.

Marylin B. Skinner, entretanto, considera que provavelmente havia em Lesbos um grupo socialmente segregado de meninas e mulheres que divisou seu próprio sistema simbólico e aparato de convenções discursivas formalmente adaptados à expressão do desejo homoerótico feminino e exercitados na composição e apresentação de poesia oral.

Acerca desse, alguns helenistas acreditam tratar-se de um grupo reunido para fins didáticos – Safo seria a professora de música, de poesia e de outras prendas que ensinava meninas em fase preparatória para a vida adulta, ou seja, para o casamento. Outros acreditam na função de iniciação sexual do grupo comandado pela poeta, e outros ainda, crêem na função ritualística relacionada ao culto de Afrodite. Em verdade, não é possível precisar a razão dessas associações entre as mulheres de Lesbos, mas a apreciação de tão significativa obra independe dessa questão.

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à virgindade,
O que ainda me prende?

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- virgindade, virgindade, aonde, ao me abandornar,
tu foste?
- eu nunca voltarei a ti; nunca voltarei
GRAFITES EM POMPÉIA...

Pompéia (Roma), há dois mil anos, sofreu uma chuva de pedras advinda de um vulcão, que soterrou a cidade, para só depois ser coberta de lava, por isso foi muito preservada em relação a muitas outras regiões da antiguidade. Só há dois séculos atrás foi redescoberta.

A cidade romana não reprimia os grafites. Que eram feitos nas paredes com estiletes. Havia desenhos e escritas sobre o cotidiano do lugar: desde barcos (por ser uma cidade portuária), luta de gladiadores, xingamentos, poemas literários conhecidos até frases eróticas.

Essas escritas parietais eram de um latim vulgar e muito próximo do que originou o português, o italiano, entre outras línguas. Como exemplos de poemas literários e frases eróticas:

(Quis) quis amat ualeat, pereat qui nescit amare.
Bis tanto pereat quisquis amare uetat (CIL, IV, 4091)
[Viva quem ama, que morra quem não sabe amar!
Morra duas vezes mais quem proíbe o amor].

Hic ego cum veni futui deinde redei domi (CIL, IV, 2146)
[Quando estive aqui, fodi e depois voltei para casa].

Pompéia é uma grande fonte de estudos por ter alto de grau de preservação. Do que foi preservado, inúmeras informações foram adquiridas também a partir dos grafites da cidade. Assim, é possível que se houvesse repressão em relação aos grafites, seriam desperdiçadas dessas inúmeras informações.











Kama Sutra

“No início, o senhor dos Seres criou os homens e as mulheres, estabelecendo leis que os relacionavam” com Dharma (obediência à ordem dos Shastra-escrituras sagradas dos indus), Artha (está ligado à ética e moral, é a aquisição das artes, proteção do que se adquiriu, e o aumento do que assim é protegido) e Kama (deus do amor, é a fruição dos objetos apropriados pelos cindo sentidos: a audição, o tato, a visão, o paladar e o olfato, auxiliados pela mente e em conjunto pela alma).

O Dharma, Artha e Kama caminham juntos, eles são resultados dos prazeres, ligando o mundo carnal ao espiritual.

É recomendado: a prática do Kama por homens das quatros castas, com mulheres virgens de suas respectivas castas.

É proibido: a prática com mulheres de castas mais elevadas e com aquelas previamente desfrutadas por outros, mesmo sendo da mesma casta.

Obs: a prática do Kama com mulheres de castas mais baixas não é recomendada e nem proibida, seu único objetivo é saciar o prazer.


Tipos de união sexual:

O homem é classificado em lebre, touro e cavalo, o que define essa classificação é o tamanho do seu lingam (pênis); a mulher por sua vez é medida pela profundidade de seu yoni (profundidade vaginal) e classificada como: corça, égua ou elefoa; temos então três tipos de uniões iguais, entre pessoas de dimensões correspondentes e seis tipos de uniões diferentes. Quando o homem excede a mulher em tamanho temos a chamada alta união; já a baixa união é tida quando uma mulher excede o homem em tamanho.


Tipos de Congresso:









Posição escancarada: Põe as coxas no peito dele.










Posição Elevada: a mulher eleva completamente as coxas, e coloca as pernas sobre os ombros dele.









Posição comprimida: as pernas da mulher são dobradas mantidas de encontro ao peito do amante.






Posição da Espôsa de Indra (deus da tempestade): quando ela dispõe as coxas, com as pernas dobradas, sobre os próprios flancos, engajando-se assim no congresso.
Só é conseguida com muita prática e que serve também no "altissimo congresso".













Posição Aberta: quando ela abaixa a cabeça e alteia as partes médias, temos a chamada “posição amplamente aberta”. Em tais ocasiões, o homem aplicará algum ungüento para facilitar a penetração










Rachar o Bambu: quando a mulher coloca uma das pernas sobre o ombro do amante e estende a outra, e em seguida põe esta no ombro do amante e estende a primeira, continuando a fazer isso alternadamente.





Posição Giratória: o homem durante o congresso, gira no gozo, sem desprender-se da mulher, enquanto ela o abraça, firmemente, e os dois rolam de um lado para o outro. Só é conseguida através da prática.












POESIA FEMININA DO SÉCULO XX

Importantes poetisas surgiram num momento em que a poesia feminina era vista como “o sorriso da sociedade”, rótulo dado pela crítica à poesia lírica – pueril; é contra o panorama dessa mesmice, (resultante da pacificação das mudanças aos cânones que a sociedade lhes impunha) mudado com o surgimento do feminismo na convenção dos direitos da mulher em Nova Iorque em 1848.

Na década de 1960, a publicação do livro “O segundo Sexo” de Simone de Behavior veio influenciar o movimento feminista, na medida em que mostra que a hierarquização dos sexos é uma construção social e não uma questão biológica. Ou seja, a condição da mulher na sociedade é uma construção da sociedade patriarcal. Assim, a luta dos movimentos feministas, além dos direitos pela igualdade incorporam a discussão acerca das raízes culturais da desigualdade “entre” os sexos e isso influência nas produção poética erótica como um todo.

Focando a produção poética brasileira, quem se destaca é Gilka Machado, uma das mulheres que, durante o tempo em que produziu suas obras, não teve de certa forma o reconhecimento de seu valor.

Felizmente o fato de ter alcançado a idade de 87 anos permitiu-lhe conhecer em vida, a consagração pelos meios oficiais. Ela estreou com o livro intitulado “Cristais Partidos”, poesia que expressa a ousada temática do desejo erótico, ou do desafio ao “interdito ao sexo”, mas sempre em conflito com uma profunda ânsia de pureza como podemos ver:

De cristais Partidos :

“que gozo sentir-me em plena liberdade / longe do jugo atroz dos homens e da rona da velha Sociedade / a messalina hedionda / que da vida no eterno carnaval / se exibe fantasia de vesta (…)

Essa alma que carrego amarrada, tolhida / num corpo exausto e abjeto, há tanto acostumado a pertencer à vida / como um traste qualquer, como um simples objeto, / sem gozo, sem conforto, indiferente como um corpo morto.

Da mesma maneira que Gilka Machado, a poeta Florbela Espanca( Portugal ), também se caracteriza pelo erotismo, em sua obra intitulada “Charneca em flor”, onde podemos analisar essa característica que, é de certa maneira relevante; ainda assim, se analisarmos o contexto em que sua produção poética foi realizada.






NINFOMANÍACA

Estava sentada na mesa do escritório esperando Peter chegar, aquela camisa com seu perfume me fazia delirar, o fogo corria por meu intimo deixando-me inquieta, até a decoração me excitava pois o lembrava perfeitamente.

Às 14h, como já era comum ele chegou , não pude mais me conter, atirei-o contra a mesa e comecei a beijá-lo, o fiz sentir o mesmo desejo por mim. Peter enlouquecido de tesão começou a arrancar selvagemente minha roupa comportada, lambi todo seu corpo, quando já não podíamos mais agüentar, nos entregamos aquele gozo, ele me fez chorar e sorrir de tanto prazer.

Depois daquela tarde os dias tornaram-se monótonos, Peter chegava, cumprimentava-me friamente como se nada tivesse acontecido , como se seu desejo por mim não se fizesse mais vivo, como se não fosse visível por baixo daquela calça social, um membro excitado ao tocar-me.

Eu que já sentia certo incomodo com aquela frieza, não consegui me envergonhar, próximo ao escritório havia uma loja de lingerie, conhecida por vender belas peças eróticas, entrei nesta e comprei algo que o faria perder o medo e explodir de tesão, era um espartilho vermelho.

Na tarde seguinte eu estava vestida com um sobretudo negro e botas de cano longo. Quando ele chegou e trancou a porta despi o sobretudo, e puxei-o para mim, Peter então começou a tirar-me a lingerie pelas ligas que prendiam a meia sete oitavos. Puxava meu cabelo, mordia-me, apalpava meus seios, penetrando meu intimo com aquele membro tão ereto, parecendo que alcançaria meu útero de tanta vivacidade.

Já havia sido feita mulher quando o telefone tocou, era Janete, esposa dele informando que chegaria dentro de poucos minutos, fingimos que nada havia se passado, retornando a simples relação de secretária e patrão. Ela apenas havia ido buscar alguns papeis.

Janete foi embora depois de poucos minutos de conversa, Peter então pediu meu telefone e deu-me o seu celular, antes só possuía o residencial para informá-lo de qualquer acontecimento indesejável, com os processos dos quais cuidava.

Na manhã seguinte recebi uma garrafa de vinho, acompanhada de uma belíssima lingerie preta com detalhes vermelhos, e de um ingresso para o teatro naquela mesma noite.

Era sábado, comecei a arrumar-me cedo, parecendo uma menina ao encontrar seu primeiro amor, saí de casa às 18h com um vestido preto curto, cabelo preso com coque para tornar mais visível o decote em V, e com perfume capaz de enlouquecer a qualquer homem.

Encontrei Peter às 19h em frente ao teatro, assistimos a Lisistrata, comedia do sexo. Após o termino da sessão, o convidei para passar uma noite a sós, fomos então ao Motel Caribe, ao trancar a porta da suíte 26 fui atirada a cama com tanto desejo, não pude conter os gemidos de prazer.

Sentir a língua de Peter caminhar por todos os locais de meu corpo, suas mãos tocando minha intimidade, eu também o fazia enlouquecer, desejei sentir o sabor de seu gozo, atirei-me tocando primeiro com os lábios aquele membro, depois o abocanhei e fiz Peter gritar de tanto prazer, aquela noite terminou em um gozo incrível, um misto de prazer, pecado e loucura.

(Luciana Nobre Cezar)